sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Às voltas com as Zonas 30 de Lisboa em Alvalade

Até ao passado mês de Novembro desconhecia o que era uma Zona 30, até porque nunca me avisaram que a reforma estrutural da cidade estava a ganhar forma de obra pública. De um dia para o outro, tal e qual como nos filmes, vi-me envolvido num fantástico mundo de obras à porta de casa - sem sequer saber quem mandava naquilo.


Cruzamento Rua Teixeira de Pascoais e Rua Antero de Figueiredo 14/11/2013
Contactei primeiro a Junta de Freguesia que prontamente me indicou que o dono da obra era a Câmara Municipal de Lisboa, estávamos a 11 de Novembro (a obra começou a 8 de Outubro e pelos vistos tive a sorte de estar fora do país nesse período). Eram retroescavadoras, bobcats, areia, alcatrão e muitas outras coisas que mudaram por completo a vida da pacata zona residencial do Bairro das Estacas.

Vista do Estaleiro da Obra, instalado na Vila Afifense a 10/01/2014

Não só contactei a Freguesia de Alvalade como a Câmara Municipal de Lisboa (dono da obra) como percebi através do Observatório das Obras Públicas que esta obra deverá estar ligada a dois contratos:
  • "Elaboração e acompanhamento de estudos e projectos - Moderação da circulação - Zonas 30" - contratado por ajuste direto a 16/02/2012, durante 45 dias e pelo valor de 20.160,00€
  • "Empreitada nº 7/DMMT/DGMT/2012 - "Moderação da Circulação/ Zona 30 - Bairro das Estacas" - contratado por ajuste direto a 25/07/2013, durante 90 dias e pelo valor de 91.746,58€
Asseguro-vos que esta está a ser uma experiência difícil - reforço que está! - isto porque a obra que começou a 8 de Outubro de 2013, deveria ter terminado 90 dias depois (2 meses e 29 dias depois do arranque) - algo como 130 dias certos.

Foram vários os episódios, talvez o mais caricato da desorganização seja a manobra de marcha atrás do autocarro 727 em plena Avenida Estados Unidos da América.

Pessoalmente faço uma avaliação muito negativa da forma como esta obra surgiu em nossas vidas, da dificuldade em garantir a segurança dos cidadãos e do incumprimento legal de vários preceitos nas várias frentes de obra, mas aguardo com alguma esperança que tenham sido aprendidas lições neste processo.

                     
Vista da frente de obra Avenida de Roma - Rua Conde de Sabugosa a 11/12/2013
Mais não seja porque Lisboa vai receber 31 projetos de "Zona 30", apresentando-se como forma de implementar o Plano Diretor Municipal de Lisboa, mais concretamente a criação de Zonas de Moderação da Velocidade.

Na ideia da política da boa vizinhança vou estar atento, até porque só na Freguesia de Alvalade serão criados um total de 7 projetos.

Neste momento arrancaram mais duas obras que já são alvo de alerta pela Câmara:
  • Empreitada nº 12/DMMT/DGMT/13 - "Moderação da Circulação/ Zona 30 - Bairro de Alvalade Norte/ Poente, Bairro de Alvalade Sul/ Poente e Bairro de Telheiras" - contratado por concurso público a 21/08/2013, durante 100 dias (3 meses e 8 dias) e pelo valor de 80.927,96€;
  • Empreitada nº 13/DMMT/DGMT/13 - "Moderação da Circulação/ Zona 30 - Bairro de Alvalade Norte/ Nascente, Bairro de Alvalade Sul/ Nascente e Bairro S. João de Brito" - contratado por concurso público a 7/08/2013, durante 100 dias (3 meses e 8 dias) e pelo valor de 122.428,43€.
Do que vi até agora, principalmente na experiência do Bairro das Estacas, mas também no Bairro do Arco do Cego, há algumas questões que precisam de intervenção urgente:
  • A comunicação com os cidadãos é insuficiente e peca por falta de clareza e exatidão;
  • Todo o processo de concretização que vi, até ao momento, ficou bastante abaixo dos parâmetros de salvaguarda da urbanidade, segurança e serviço público;
  • A sessão de esclarecimentos em que estive embora revestida da bondade de aproximar projetistas e moradores, peca por falta de diálogo e de respostas concretas.
Estou um pouco como São Tomé "Ver para crer", pois Lisboa parece estar a chegar ao limite das garantias e precisará de uma intervenção global a curto prazo (e não intervenções isoladas e criadoras de ilhas).

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