quarta-feira, 2 de julho de 2014

A forma justa

Hoje o dia é de celebrar a pessoa, lembrar o exemplo ímpar da criação literária e a simplicidade da inspiração através dos laços familiares que deram tantos frutos.

Foi levada hoje ao Panteão Nacional, juntando-se assim a outras figuras que ajudam a moldar a imagem e identidade de um País, reforçando a literacia, cultura e valores humanos.

Que na história perdure a sua memória ajudando as futuras gerações a compreenderem de onde lhes surgem as origens, ao mesmo tempo que colocam os olhos no futuro.



Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas ,
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

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